14 de janeiro de 2023

Escolhi o trabalho de recensão crítica sobre o artigo de Ana Paula Caetano, Instituto de Educação, Universidade de Lisboa, para fazer uma reflexão sobre as aprendizagens realizadas com esta atividade. Considerei-a um exercício que, em muito, me ensinou a fazer uma leitura mais atenta e uma reflexão profunda e cuidada sobre um artigo científico. 

Começo por salientar que o recurso à recensão critica me facilitou a familiarização com a linguagem e a estrutura de artigos científicos. Uma aprendizagem sobre a estrutura de um artigo (resumo, palavras-chave, introdução, desenvolvimento, conclusão/reflexão final), um olhar atento sobre as questões lançadas pela autora, perceber se o estudo dá resposta ao principal objetivo definido e às questões colocadas, um olhar reflexivo sobre os vários paradigmas de investigação, bem como o tipo de texto científico (teórico, empírico ou ambos). Por outro lado, destaco também a aprendizagem realizada com a observação atenta das referências bibliográficas presentes no artigo, para além de me levar a uma reflexão sobre o posicionamento da autora na comunidade científica, permitiu-me realizar/consolidar aprendizagens sobre o modo de referenciar direta ou indiretamente fontes bibliográficas. 


Fazendo uma reflexão mais teórica sobre a  elaboração de uma recensão crítica, segundo Mesquita (2009), corresponde ao “texto que emite juízos críticos de apreciação, de valorização ou de rejeição, sobre uma determinada obra escrita, quer seja livro ou ensaio” (p. 1).  Segundo Magro e Nunes (2014) uma recensão crítica cruza duas dimensões: a expositiva e a crítica. Significa esta dupla vertente que o crítico deverá focar-se na síntese das ideias principais e sua relevância e pertinência. Este tipo de trabalho exige, assim, uma metodologia e critérios muito rigorosos. Desde logo, um profundo trabalho de pesquisa, enquadramento na comunidade científica e fundamentação criteriosa e com rigor científico. 

Poderem fazer-se diferentes tipos de recensões (descritiva, crítica, temática, entre outras), a crítica é aquela que deverá conter argumentos convincentes, levando o crítico a desenvolver a sua capacidade argumentativa (Mascarellho, 2013). Não sendo a recensão apenas um resumo da obra, mas uma análise  crítica, encaminha-nos para uma leitura mais atenta, reflexiva e repetida, de modo a que a apreciação realizada seja capaz de motivar o interesse do público pelo artigo (Mesquita, 2009).

Recorrendo a Mascarello (2013), de uma recensão crítica deverão constar 8 passos: Identificar a obra, Identificar o autor, Apresentar a obra, Descrever a estrutura, Descrever o conteúdo, Analisar de forma crítica, Recomendar a obra e Assinar e identificar-se. Estes passos levam o recensor (Mesquita, 2009) a realizar um trabalho de reflexão e interpretação que percorre toda a estrutura do texto, organização e articulação. Este processo conduz o recensor  a uma utilização de  “ verbos que atribuem ao autor do texto fonte ações como: examina, classifica, analisa, comenta, propõe” (Lima-Silva, 2011, p.03, como citado em Macarello, 2013). 

Em suma, o recensor, através do seu distanciamento da obra e do autor, deverá ser capaz de fazer uma análise crítica isenta e objetiva (Mesquita, 2009).